Bem, vou tentar terminar a minha história, sendo que esta parte não é bonita, mas espero que ajude alguém, porque a minha ignorância, e o medo do desconhecido, custou-me diversos dias de choro (que acho que tinha chorado na mesma, sabendo o que sei hoje!!!)
Após a cesariana a minha recuperação foi bastante boa, não tive dores por aí além, e apenas tinha dificuldades em usar os músculos abdominais. As enfermeiras brincavam que eu já estava pronta para outra e de facto sentia-me muito bem.
Dia 2 o Pedro foi visto pelo pediatra. Achou-o molinho e hipotónico. Devido a esta situação foram-lhe feitas análises e às 4 da tarde o pediatra foi falar comigo e com a cara metade que estava comigo na hora da visita e disse-nos que o Pedro tinha uma infecção no sangue, cujas causas eram impossíveis de determinar para já, e como tal o bebé ia ser transferido para a Neonatologia para se ver qual o tratamento a dar à situação. Fiquei em pânico e chorei desalmadamente. Senti-me culpada da situação e pensei que tivesse feito alguma coisa que tivesse conduzido a esta situação. O Pedro foi internado na Neonatologia deviam ser umas seis da tarde. Quando o voltei a ver tinha uma pequeno cateter na mão esquerda para lhe administrarem antibiótico. A neonatologia do Amadora Sintra é uma coisa impressionante, penso que foi considerada uma das melhores da Europa, mas entrar naquelas salas e ver as crianças ligadas às máquinas, que a todo o instante analisam os seus movimentos, é angustiante. Há luzes por todo o lado, bem como sons de controlo, que fazem com que toda a atmosfera pareça de filme de ficção científica. E é assustador ver um filho de menos de 48 horas, internado neste serviço. Honestamente houve momentos em que pensei que ia perder o meu filho, ainda que o pessoal médico e de enfermagem me dissesse que ia tudo correr bem. Na minha cabeça se estava ali era porque não estava nada a correr bem. Nessa noite, eu e a cara metade ficámos com ele até às onze horas, hora a que fecha o serviço para os pais. Eu voltei para a enfermaria 4, cama 12, para onde tinha sido mudada nessa tarde. Passei a noite a ver as fotos que lhe tínhamos tirado no dia anterior. Não dormi nada. Na manhã seguinte às 8 horas estávamos de novo na neonatologia para darmos banho ao bebé, e fomos encontrá-lo com sonda para ser alimentado, o que é ainda mais assustador. Para os bebés não se habituarem ao biberão e aprenderem a mamar são alimentados por sonda. Eu e a cara metade passámos lá todo o tempo que podíamos e só voltei à obstetrícia para a médica me dar alta. Na neonatologia quando souberam disso ligaram e disseram que iam mandar o Pedro para a enfermaria e continuaria aí a fazer o antibiótico. A ideia era não separar o bebé da mãe, o que de facto seria muito angustiante para mim e penso que para ele também. Assim, fiquei hospedada durante sete dias no Amadora-Sintra, enquanto o meu filho estava a ser medicado, podendo continuar a amamentar. O Pedro fazia dois antibióticos por dia: um de penicilina que ele gritava todas as vezes que tinha de o tomar, e outro que demorava meia hora no berçário. E quando tinha de fazer análises as enfermeiras corriam comigo de lá, porque diziam que era traumatizante para uma mãe ver aquilo.
Enfim, assim se passaram sete dias ao fim dos quais o Pedro teve alta, porque reagiu bem aos antibióticos.
Ainda hoje não sei como é que o Pedro apanhou a infecção. Na opinião da enfermeira teve a ver com o facto de ele ter mecónio no líquido amniótico e os médicos deviam ter feito a cesariana mais rapidamente, porque quando ele nasceu tiveram de lhe fazer uma lavagem ao estômago. Os pediatras são da opinião que foi provavelmente uma ruptura alta da bolsa, da qual eu não tive noção, mas que terá sido por aí que as bactérias entraram. Seja o que for, o Pedro parece estar bem, eu é que não ganhei para o susto e dei em doida no hospital por lá ficar tanto tempo. Durante este período o Pedro fez ainda um electrocardiograma e um ecocardiograma, porque o batimento cardíaco era baixinho, mas por aqui não foi nada detectado.
O mais doloroso de tudo é ver o nosso menino a ser picado constantemente para avaliarem a evolução, e sobretudo não se saber que sequelas é que tudo isto lhe pode deixar. Vim a saber mais tarde que esta situação é comum acontecer e por isso para as enfermeiras é uma situação comum. Para mim, como mãe recente, foi o fim do mundo e durou vários dias. Nunca tinha ouvido falar destas situações (os médicos chamam-lhe sepsis precoce) e por isso relato aqui esta minha experiência, para que se alguma das grávidas que me visita vier a passar por isto, não se sentir tão só como eu me senti..
9 comentários:
Que dura prova para os recém papás! Eu até me arrepiei quando descreveste o serviço de neonatologia! Deve ser, realmente, angustiante.
Mas o mais importante é que tudo não passa de uma má recordação e está tudo bem agora!
Bjs
Sofia & Gonçalo
Linda, imagino o susto que foi. Nem quero pensar... mas os Pedros são uns homens fortes e tudo passou e de certeza que ele está bem.Bwijocas e muitas felicidades!
Fiquei bastante impressionada com o teu testemunho ... nem imagino o que deves ter passado com toda essa situação. Mas o importante é que terminou tudo bem e já tens o Pedro ao teu lado.
Beijinhos
A minha filha tb ficou internada com 3 dias de vida.
Apesar de todas as costuras e dores que tinha nunca saí de perto dela nem mesmo nas colheitas de sangue que são de facto muito traumatizantes.
entendo bem o que passaram mas o importante é que já faz parte do passado.
A Carolina teve no hospital do barreiro e só tenho a dizer boas coisas do serviço. Todas muito simpáticas e disponíveis.
Uma grande beijoka e que agora tudo entre nos eixos!
Caraças!
Que filme de horror...
Ainda bem que agora está tudo bem com o teu filhote...
As rupturas altas são terríveis porque nem nos apercebemos delas...
Foste muito valente! Parabéns.
Beijocas
Realmente não ganhaste para o susto!
Eu já tinha ouvido falar qq coisa dessa infecção, mas estava longe de imaginar que as coisas decorressem dessa forma...
Fico feliz por ter corrido td bem e por o Pedro ter reagido bem aos antibióticos!
Joquinhas
Não deve ter sido nada fácil, não!
Agradeço o teu testemunho.
Um beijinho grande.
Depois de ter lido o teu testemunho nao pude deixar de me sensibilizar e cumentar..Deve ter sido horrivel passar por essa situaçao..mas o k interessa ek fikou tudo bem =)
Desejo-vos muitas felicidades e que corra tudu bem no futuro =) Beijokas Grandes
Estou arrepiada com a história! Fico feliz por saber que o Pedro ficou bom, mas imagino o sofrimento que foi vê-lo assim.
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