13 janeiro, 2010

A amamentação

Como prometido aqui fica:

A amamentação do Pedro foi das coisas que mais mal correu. Eu que à minha volta só via mulheres sem grandes dificuldades para amamentar, nem considerei a hipótese que alguma coisa ia correr mal nesse domínio. Quando o Pedro nasceu, de cesariana, não tive leite e por isso começou a fazer suplemento logo no hospital. Chegados a casa, na semana em que esteve apenas ao peito, o rapaz engordou 80 g. Eu fiquei desolada e com medo que a criança estivesse a passar fome, e devido a uma enorme falta de apoio que tive na altura (apoio esse que só encontrei aqui, na Lisa que vivia o mesmo drama e com a Sofia que foi tentando ajudar) o Pedro acabou a mamar exclusivamente apenas uma semana. Até aos 5 meses e meio fez peito e biberão, e a partir daí apenas o "leite de plástico", primeiro normal e depois para a alergia à Proteína do Leite da Vaca.

Honestamente nunca pensei que desta vez fosse diferente, mas estava disposta a tentar. Ainda na clínica as enfermeiras incentivaram a amamentação. A conversa era: "Dê sempre o peito na frente." Houve mesmo uma que me disse: "Olhe lá, você não trabalhou para ele nove meses? Então deixe que ele trabalhe para ele mesmo agora. Dê-lhe a mama." E eu dava, mas via que não saia nada. Houve ainda outra enfermeira, toda dada às coisas naturais que me disse para tomar Promil que aumentava a produção de leite. Contou-me uma história de vaquinhas que pastavam em determinada zona onde havia cardo mariano e que davam mais leite que as outras, e o Promil era feito disso. Fiquei com o nome, e aguardei. Noutra visita que me fez, a mesma enfermeira disse-me também que a Levedura de Cerveja poderia ajudar à produção de leite. Uma vez mais fiquei com a indicação, mas não andei a sonhar com a coisa. Durante este período em que estive na clínica, o André era posto à mama, às duas, e em seguida mamava biberão. O rapaz agarrava a mama com uma força que doía, mas não saia nada. Depois cuspia a tetina do biberão, mas lá bebia uns mililitros. Quando tive alta trouxe 4 biberões de leite que me deram na clínica.

Nesse mesmo dia, quando chegámos a casa, quando lhe mudei a fralda o cocó que fez vinha com sangue. Fiquei em pânico, e liguei logo para a pediatra. A pediatra quando eu lhe disse que ele tinha 3 dias também ficou. Perguntou-me se tinha gretas nos mamilos: não. Perguntei se não podia ser alergia ao leite de vaca, tal como o irmão. Perante este cenário mandou-me parar com o biberão: " Se ele tem três dias, é parar com isso. Três dias é quanto leva o leite a subir numa cesariana. Você tem de ter leite. Pare já com todo o suplemento." Na verdade senti que me tiravam a minha segurançazinha de baixo dos pés. E se eu não tivesse leite? E se ele fosse fraquinho? (Sim, eu sei que isso não é verdade, mas saber e sentir, são duas coisas horrivelmente diferentes). Pensei: "Bom, tenho consulta de pediatria daqui a 4 dias. Se ele passar fome neste período não será grave." E arrisquei. Nesse mesmo dia apareceu cá em casa o Promil e a Levedura de Cerveja, e por conselho da pediatra, cerveja preta sem álcool que deveria ser bebida sem gás (segundo ela, existe um estudo norte americano fidedigno que garante que é a única coisa capaz de aumentar a produção de leite). O André não voltou a tocar em "leite de plástico". Os biberões que me deram na clínica foram esta semana para o lixo, porque já tinham passado o prazo de validade. O André não voltou a fazer cocó com sangue, mas tem imensos gazes, que eu confundi com cólicas inicialmente.

Na primeira consulta de pediatria o rapaz tinha engordado 100 g. Em 4 dias. Só pensava: Foi mais que o Pedro numa semana inteira. O André tinha 2.995kg. Assim continuámos só com a mama. A pediatra disse-me que não o devia pesar todas as semanas que isso já não se usava, mas eu lá o fui pesando e ele ia aumentado 200 g por semana. Na consulta seguinte estava quase com 4 kg, e tem continuado a aumentar ao mesmo ritmo.

Na verdade o Promil, a Levedura de Cerveja e a cerveja preta ainda não saíram cá de casa. A Sofia disse-me que não há provas científicas que os dois primeiros funcionem, e eu acredito que assim seja. O pai cá de casa já me disse que aquilo não me faz nada, mas eu digo apenas que se o efeito psicológico é bom, deixa andar. Eu já estou viciada no sabor do Promil. É assim o meu aperitivo antes das refeições, e seja como for qualquer um dos dois obriga à ingestão de mais água e a água sim, faz leitinho.

O que mais posso dizer? Que há males que vêm por bem. Se o rapaz não me tivesse feito cocó com sangue, eu com medo que ele tivesse fome ia continuar a dar-lhe biberão. Assim, com medo de lhe causar um problema mais grave fui obrigada a deixar essa segurança, mas de nada me arrependo. Só de não ter tido essa mesma coragem com o Pedro.

Os primeiros dias foram complicados. O André mamava de hora e meia em hora e meia. Andei noites sem dormir e parecia um zombie. Logo eu que adoro dormir. Hoje este rapazito já faz sonos de 6 horas e meia, e sempre durante a noite. Se estou satisfeita? MUITO. Não sei até quando vou conseguir manter esta situação, mas aquilo que consegui até agora, para mim, e para ele, é já uma grande vitória.

13 comentários:

SCAS disse...

parabéns, Carla. é uma grande vitória! eu, felizmente, nunca tive problemas com a amamentação. Da Ana caí no erro de deixar darem-lhe suplemento no hospital e foi isso que lhe causou a intolerância ao leite de vaca. Depois ficou a mama até aos 6 meses em exclusivo e depois até aos 17 com o resto da alimentação (com uma dieta rigorosa minha para não lhe dar ingredientes com leite). O João mama bem e mama muito. Tb tem dias de hora e meia em hora e meia, de noite vai chegando às 4 h, uma vez às 5h. Mas é uma bênção, de facto, conseguirmos amamentar os nossos filhos. Uma vez um médico disse-nos que para os humanos só o leite materno serve, como uma vitela não bebe leite de ovelha nem de cabra nem vice-versa. Tem a sua razão de ser... beijinho

Cristina disse...

Que bom que a amamentação está a correr bem, é claro que com o 2º filho já estamos mais calejadas e se calhar corre melhor. A amamentação da Bia não correu muito bem, so consegui amamentar ate aos 2 meses e meio, ela berrava que se fartava pois não queria leite, foi muito desgastante.
Bjs

Mariah disse...

Ainda bem que está a correr bem e sem dramas, mas realmente o factor psicológico é lixado. Quando estava grávida do meu filho lembro-me de ter pensado muitas vezes que não iria ter leite de jeito porque sempre tratei mal de mim (tabaco e péssima alimentação) e a verdade é que tal veio a acontecer. Beijos grandes para vocês

Nany disse...

É uma grande vitória.
Quem disse que amamentar era fácil, intuitivo e basta por só o bebé ao peito, é homem de certeza.
Bjks grandes

PS: E o bacalhau parece que também aumenta a produção do leite, não sei se é mito, mas pronto.
Como é que tiras o gas da cerverja?

Bala disse...

Fico feliz, sabes!
Não sendo uma fundamentalista da amamentação, acho que é importante nós tentarmos tudo, antes de partirmos para o biberon.

Também sei que para mim é muito fácil falar, porque todo o processo (quando foi do Tomás) foi muito fácil, e tranquilo. E sei que há muito quem desista por sofrer horrores.

Vendo a coisa pelo lado prático. Não tens de te preocupar com biberons, águas quentes, leites em pó. Nada!
Está sempre à mão! :)

Força!
Bjinhos

joana disse...

Confiarmos no nosso corpo é meio caminho andado para o sucesso da amamentação!

Mais uma vez parabéns por esta vitória!

bj

Unknown disse...

Ainda bem que venceste essa luta. Também penei muito com a amamentação e foi muito doloroso para mim, no início. Identifiquei-me muito com o teu testemunho, apesar do Martim não ter problemas de saúde nem alergia nenhuma, mas não queria desistir. Queria mesmo amamentar. Hoje, ainda mama e tem quase 8 meses.
Beijinhos

Anónimo disse...

Olá querida Carla, face ao que escreveste tenho a dizer-te parabéns. Penso que deste o teu melhor, que apanhaste alguns sustos, sim, mas contornaste a situação da melhor forma :-)
Beijinhos,Sofia,Pedro e Joana

© | TéTé £ XαVιєR | disse...

Parabéns pela coragem em admitir todos os teus receios que felizmente foram contornados e só tens de pensar que conseguistes amamentar em exclusivo. Pensar no tempo que o farás?! Esquece isso, o que importa é cada dia que o fazes! Um depois do outro :o)

Felizmente, apesar de ter feito cesariana, dei de mamar ainda no recobro porque tive a felicidade do leite descer logo, talvez por ter estado em trabalho de parto mais de um dia, e porque bati o pé que não queria que lhe dessem suplemento e fiz questão que mo dessem para lhe dar de mamar antes que a anestesia passase e não conseguisse me mexer com as dores.

Sempre ouvi dizer que é MUITO importante que o bebé seja amamentado logo na 1ª hora após o nascimento e era só nisso que pensava!

Mas podia ter corrido de outra forma... estas coisas não se esolhem e conta muito os factores externos, como pessoas ou situações.

Fiquem bem, com saúde e muito leitinho ;o)

Beijos
Tété & Xavier

Pinguina disse...

Eu no início também tive problemas com a amamentacao e quando viemos para casa a Joana perdeu peso e tive que lhe dar suplemento. Mas com a ajuda da minha parteira e até hoje, quase com nove meses, a Joana ainda mama. No meu programa de dopping (é assim que o meu marido lhe chama) consta a cerveja sem alcool (uma tipica do sul da Alemanha) e umas capsulas de feno-grego.
Que tudo corra pelo melhor e que te aguentes por muito tempo, por eles vale tudo a pena :o)

Joana e Rodrigo disse...

Parabéns Carla! Hoje em dia há muito pressão para a amamentação e claro que isso mexe com o nosso sistema, mas acho que não devemos fazer disso um drama! Acho que a amamentação deve ser um prazer e não uma obrigação! O Rodrigo mamou até quase aos 6 meses e espera conseguir o mesmo desta vez!

Beijo

mar disse...

Boa carla, foste muito corajosa e persistente e estas de parabéns. Devias mesmo publicar a tua história :) Uma beijoka

arad disse...

ola carla, obg pelas dicas.
queria perguntar, a levedura tomaste como, em comprimidos?
bjs, mae da ema, 3 sem.